domingo, 7 de novembro de 2010




Tem dias que sinto saudades de estar em casa, na minha casa. Acordar , ir à varanda e sentir o fresco da manhã, mesmo estando sozinha naquela casa que é demasiado grande só para nós.
Lembro-me de acordar com o meu pai, de o ouvir levantar-se da cama de madrugada e chorar, sim, chorei, tantas e tantas vezes por sentir que o fazia por mim, por nós, pela nossa família, pela nossa vida, pela nossa estabilidade. Lembro-me de não conseguir dormir mais, de o ouvir a levantar-se, a ir à casa-de-banho, a vestir-se e a descer as escadas, para mais um dia.. Um dia que começa, ainda hoje, antes das 6 da manhã.
A minha mãe, dava por ela quando voltava da cozinha, depois de ter tudo arranjadinho para o meu pai levar para a pastelaria. Os pásteis, os mistos, os rissóis, as azevias e as filhozes. É raro quando não faz azevias e filhozes, por muito que tente guardar para a epóca natalícia, as clientes imploram, e a minha mãe não resiste. Sei o que é. Também já fui eu em vez dela, durante tanto tempo, em cada falta dela era eu que a substitui-a , era eu quem fazia o papel de dona de casa.
Custa-me sentires-lhes a falta, mas sempre soube que seria assim, nunca pensei que a distância só me trouxesse coisas boas, a liberdade, a responsabilidade, a consciência e ausência deles, nem sempre é boa.
Os meus pais são o meu pilar, aquilo que tenho e que sei que vou ter sempre, mesmo que seja uma besta, mesmo que resmungue, mesmo que chore, mesmo que engorde ou emagreça, que não me apeteça fazer nada sem ser dormir, que me queixe, até mesmo que parta o espelho do carro, são eles, estão lá, sempre..
É horrível sentir a falta deles, sentir a falta dos mega abraços de pai, do café maravilhoso que ele tira, sentir a falta da mãe que está sempre com a mania das limpezas e das arrumações. Sempre soube que os meus pais são os melhores do mundo, à sua maneira, mas são. Nunca foram perfeitos, nem eu o fui, nem nunca serei, mas sei que os tenho, ainda que conservadores e preconceituosos em muitos assuntos, são os meus pais, não os escolhi, tive-os e com muita sorte!

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